Assistiu-se a recentes notícias que referem a intenção da líder do PSD-Açores de se demitir dessa responsabilidade, bem como a “ventilação” de outras que pressupõem uma limpeza nos assessores da Presidência da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Afinal, para que serviram todas aquelas “carolas”, a consumir do erário público, se não atingiram o objetivo que era elevar a sua dama a Presidente do Governo Regional?
Mas não me vou deter na personalidade de quem, nos cargos que exerceu, sempre deixou a marca de mais incompetência do que capacidade e que, paulatinamente, enveredou pela via do populismo – negação mais vil do combate político sério – para caçar votos. Verdade seja dita que, neste aspeto do populismo e da mentira ganhou ao CDS-PP, sonegando-lhe dois lugares.
Idêntico desafio se coloca ao vencedor, porque é o momento ideal para iniciar e fazer jus à sua tão bem sucedida campanha que apostou na renovação e que, no incutir do receio da hipotética vitória das forças do centralismo arcaico - que, sem dúvida, aplicariam na Região a receita do empobrecimento forçado que grassa no Continente - lhe valeu o reforço da maioria que já detinha.
É, então, e sem dúvida, o momento aconselhado para se “livrar” dum exército de bajuladores e parasitas incompetentes que fervilham à volta dum culto de personalidade que, sinceramente, não acredito que o visado perfilhe e, a continuar, impedirão uma governação isenta de pressões de grupos com interesse pessoal ou corporativismo económico alheio ao interesse das pessoas que vivem e trabalham na nossa Região.
É, também, o momento certo para implementar uma política de esquerda que se demarque da mentira e do revanchismo fascizante do Governo da República, não só na área social, na educação, na saúde e na cultura, mas também na economia, respeitando e valorizando o trabalho como principal motor que gera a riqueza e a autonomia dum povo.
É, ainda, o momento preciso de colocar as finanças regionais ao serviço da economia, mantendo e aprofundando os sistemas de apoio às empresas familiares, micro e pequenas empresas do sector primário, porque são estas que comprovadamente geram mais postos de trabalho, melhor contribuem para a redução de importações e dinamizam a economia interna, libertando os meios necessários à nossa autonomia financeira.
Chegou o momento de ultrapassar os bairrismos doentios que nos impedem de progredir, não alimentando nem se aproveitando das questiúnculas entre baronatos para retardar investimentos estruturais que impedem o nosso desenvolvimento. Chegou o momento de empunhar o Estatuto que nos permite fazer da nossa Região Autónoma o que os açorianos entenderem por bem.
Quem já foi o último reduto de Portugal poderá voltar a ser o renascimento da independência do país. Haja coragem e vontade política para fazer História.
(Publicado no jornal INCENTIVO)
Uma agricultura diversificada e amiga do ambiente é a única solução para preservar a biodiversidade e garantir a saúde alimentar.
Os solos da Ilha do Faial ainda não estão excessivamente contaminados pelo uso de pesticidas e herbicidas. Temos de potenciar o investimento em unidades de produção que respeitem a qualidade dos nossos solos, abasteçam o mercado local com produtos nossos e sejam economicamente atrativas para quem nelas investir. Já referi, em algumas entrevistas que “é inconcebível que estejamos a importar, entre outras, salsa do Chile ou melão do Brasil. É dinheiro que sai com as importações. São postos de trabalho que não se criam. É toda uma economia que se vai atrofiando, até estagnar”.
A apetência pela diversificação agrícola e, em particular, pela agricultura biológica bem como a crescente procura deste tipo de produtos revelam-se como uma alternativa viável à monocultura da vaca. Não quer isto dizer que se acabe com as vacas, não, os nossos laticínios e a nossa carne têm uma qualidade superior comprovada. Mas a nossa economia não pode estar dependente dum único sector, por mais importante que seja, e existem condições para o aumento da diversificação integrada com a própria produção animal.
Os nossos terrenos mais produtivos estão ocupados com pastagens para gado bovino. A nossa lavoura foi empurrada para a concentração da sua atividade exclusivamente na produção de leite e carne. Esta opção foi rentável para os lavradores porque beneficiaram de subsídios à produção. Agora, que o custo dessa produção aumenta assustadoramente a par da diminuição do preço da carne e do leite, o sector corre sério risco de viabilidade económica.
As novas tendências da Política Agrícola Comum caminham a passos largos para o fim das quotas leiteiras. Não podemos, de um dia para o outro, dizer à nossa lavoura que agora está tudo liberalizado, que não está assegurado o escoamento do leite produzido, que têm de o vender mais barato que a água - o que já acontece - e que têm de diversificar a sua atividade se querem sobreviver.
É essencial não prescindir da manutenção das quotas leiteiras para Portugal e, em especial para os Açores, enquanto se criam mecanismos alternativos de compensação ao investimento na diversificação agrícola. Mas nada disto pode ser feito dum ano para o outro, e há que ter em conta os investimentos industriais já realizados para não ficarmos com mais edifícios fantasma como os da COFACO que tanto nos envergonham.
Já tarda a preparação para esta mudança, e os nossos lavradores vão confrontar-se com ela sem que estejam devidamente elucidados e preparados. Há toda uma série de interesses comerciais e financeiros instalados que ultrapassam as nossas próprias fronteiras e impedem essa preparação.
Os partidos da alternância descobriram que a preocupação com o futuro das quotas pode dar votos se prometerem apoio à diversificação agrícola como alternativa viável e aconselhável. Então, nestes períodos de campanha eleitoral, prometem todo o empenho e apoio, mas, como já é habitual, ficam-se por aí.
Falam, até mesmo, sem saber o que dizem, como determinada candidata que, na nossa ilha, promete todo o apoio à aquisição de adubos para aumentar a produção de leite, e de seguida diz que o Faial é uma ilha especial para a produção agrícola por métodos biológicos, como se fosse possível, ao mesmo tempo, contaminar os solos e, logo de seguida, implementar a agricultura biológica.
Simples incompetência, ou má-fé eleitoralista?
Mas esta má-fé é transversal na alternância do costume. Basta perguntar a quem tem projetos de diversificação agrícola e agricultura biológica entregues na respetiva Secretaria e os vê sucessivamente adiados ou preteridos. Basta perguntar porque foi chumbada pela maioria a proposta de alteração ao Orçamento da Região para que fosse reforçada a verba para apoio à diversificação agrícola.
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