Este governo estrebucha, vitimiza-se, acusa, ataca, engana-se nas previsões, mente, rouba os mais fracos, beneficia os mais fortes e espezinha quem o elegeu enquanto lambe as botas aos especuladores. É o típico governo de direita no seu máximo esplendor. Mas vive num regime democrático de que indecentemente se aproveita para o tentar subverter.
A Constituição da República tem sido o último garante a impedir as sucessivas investidas para suspender, adulterar e, mesmo, estropiar o regime democrático em que vivemos desde 1974 - com todos os seus defeitos, mas o melhor que a humanidade conheceu até hoje – e que permitiu o nosso rápido avanço no ensino, na tecnologia e na cultura, ganhando, por mérito próprio, a notoriedade internacional que, agora, nos tentam roubar.
Um governo de direita só sabe governar em ditadura, ou preso por um fio. É constituído por bem-falantes com discurso populista, martelado e exaustivamente repetido para que os próprios se convençam de que as mentiras que dizem são verdades insofismáveis. São piões de brega, sem vontade própria, desprovidos de qualquer sensibilidade social, possuídos pela missão que lhes foi previamente incutida nas suas mentes formatadas.
A tática deste governo é a tática da incompetência. A culpa é de todos, menos sua; tenta impor-se pela intimidação; a Lei Fundamental não é para ser cumprida, é para ser adaptada às circunstâncias e vontades do momento; nunca há alternativa às suas opções. Negar a existência de alternativa, em qualquer circunstância política ou económica, é usar a expressão mais reles da negação democrática.
Estas marionetas - doutorados em incompetência por universidades privadas, criadas para produzir burrologia, quanto baste, no mais curto espaço de tempo, ou embevecidos no manuseamento deficiente de folhas de cálculo, forjando variáveis para adulterar resultados que o mais comum mortal obtém, com maior precisão, por mero cálculo mental – vivem num mundo egocentrista em que a verdade é a sua verdade e tudo o mais é irresponsabilidade.
A trilogia - um governo, uma maioria, um presidente - protagonizado pelo trio PSD/CDS/Bando do BPN mantem-se por via do fio Cavaco, o verdadeiro mentor de toda esta tramoia que começou, com os seus governos, a destruição do nosso setor primário.
Os governos de Cavaco, um laboratório de experiências para a futura implementação dum governo direita autocrática em Portugal, destruíram a agricultura, mandaram queimar a nossa frota pesqueira, entregaram o sistema financeiro aos amigos e lançaram os primeiros ataques à Constituição da República.
Foi o treino preliminar enquanto esperaram a oportunidade para o assalto final, para dominar o poder político, uma vez que, por via da especulação financeira, já tinham destroçado ou entregado, de mão beijada ou a troco de favores, o controlo dos nossos principais setores económicos.
A liderança deste governo, com o beneplácito de Cavaco, assentava numa criação fabricada, segundo Relvas, em (3+2) anos – Passos Coelho – assessorado por um arruaceiro – o próprio Relvas – e um experiente inventor de fórmulas com resultados invariavelmente errados - Vítor Gaspar – mas altamente considerado “lá fora”.
Relvas demitiu-se porque perdeu força anímica, a alma que concebeu a criatura que é o atual Primeiro-ministro, razão por que a criatura não teve alternativa se não a de ir chorar no ombro-mor, seguindo o método cavaquista de aterrorizar o País, mantendo-o em suspenso durante o fim-de-semana. Mas Cavaco ainda não atingiu os seus objetivos de se vingar do 25 de Abril, pelo que lhe disse o mesmo que Fernando Ulrich: “aguenta”.
E a marioneta continua presa pelo fio.
Publicado no jornal INCENTIVO (08/Abril/2013)
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