Venho ao assunto, no rescaldo da festa, para dizer que adoro a nossa Semana do Mar, que me extasio com a imagem das regatas e outras provas náuticas enchendo de velas o nosso canal, que rapidamente esqueço só ter conseguido adormecer a partir da 4:00 horas da matina, que até nem me importo de, nestas noites, ter que estacionar o carro bem longe de casa…
Quero, ainda, dizer que me orgulho de tudo o que de bom tem sido feito para melhorar e perpetuar esta festividade, do trabalho exemplar do Clube Naval ao longo de todos estes anos, do empenho de pessoas que acompanham, desde então, esta iniciativa pioneira que fez história nos Açores e que passou a ser profusamente copiada em parte do seu figurino.
Estará tudo bem? Impossível. Parar é morrer. Não parámos, mas podemos sempre melhorar e, sobretudo, inovar. Inovar, principalmente, com poucos custos, ouvindo as pessoas interessadas e disponíveis para participar.
Pretendo, assim, provocar alguma reflexão à volta da nossa festa rainha – a Semana do Mar – referindo alguns aspetos que passam despercebidos, mas que poderiam e deveriam ser potenciados como mais uma forma de promoção turística.
Para além de outros eventos que desconhecemos, já é tradição comemorar-se efemérides que juntam antigos colegas ou compinchas à volta duma mesa de restaurante ou tasca, consoante a predisposição para a intimidade ou maior necessidade de extroversão.
Refiro-me concretamente aos convívios de finalistas do, então, Liceu da Horta que tive o privilégio de frequentar, mas estendo a ideia a outras iniciativas do género, em áreas como o desporto, a cultura, ou simples grupos de amigos que se juntavam aos finsde- semana, no Atlético, na União Faialense, na Recreativa Pasteleirense, ou outras, para o jogo das cartas ou dominó, intervalados com uma “fresquinha” ou um “tintol” para os mais velhos e uma laranjada do Ti’ Raimundo para os mais novos.
Se é certo que as festividades religiosas dos padroeiros e as promessas ao Espírito Santo ajudam a mitigar saudades dos parentes e amigos, é assumido que a Semana do Mar junta toda essa possibilidade, alargando-a às Ilhas do Triângulo, em programas à revelia, e que assim poderão permanecer, mas que deveriam ter um acolhimento tácito por parte da Comissão, predispondo-se a acarinhar e dar condições propícias a estas iniciativas. As redes sociais têm promovido e facilitado este tipo de encontros. Pessoas que já não se viam, há décadas, reencontram-se com emoção, apenas se lembram de coisas boas e prometem repetir com maior frequência. Falam da nossa terra e demonstram vontade em ajudar a sua promoção. Estas sinergias carecem apenas do ponto de apoio porque as pessoas são a sua principal alavanca.
(Publicado no jornal INCENTIVO)
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