Domingo, 22 de Agosto de 2010
O PEC ESTÁ AÍ, PARA MAL DOS NOSSOS PECADOS, E NÃO SÓ

Estão aí as primeiras consequências da aplicação do famigerado PEC. E, como já nos habituaram, o lado mais fraco é sempre o primeiro a sofrer.

No mês de Julho, cerca de 20.000 açorianos eram beneficiários do Rendimento Social de Inserção. Refira-se que são, na sua maior parte, crianças, reformados e pensionistas que viviam abaixo do considerado limiar da pobreza.

Daqueles 20.000, cerca de 1.340 ficam sem qualquer subsídio e outros 12.520 vêem o seu valor reduzido, já neste mês de Agosto. Mas não ficamos por aqui. É, também penalizado, quem tem direito a subsídio de desemprego, no valor, no tempo e no seu regulamento de acesso e permanência. São, ainda, revogados os apoios complementares como as ajudas a despesas com habitação, apoios a dependências e a deficientes, bem como apoios à maternidade.

Continua-se, assim, a aumentar o número de pessoas, já de si, carenciadas, cujo nível de pobreza se encontra abaixo do limiar mínimo. É esta a boa iniciativa do governo, no ano dedicado à luta e pela erradicação da pobreza. Trata-se, certamente, dum bom contributo para a inclusão social.

Em nome da estabilidade e do crescimento económico do País, extorquem-se os que têm poucos tostões, para que os poderosos mantenham intactos os seus milhões. A isto chama o PS uma política de esquerda.

O PS acabou por ceder, também no campo social, o que já vinha a ceder à direita, no campo económico. De nada serve o cinismo e a hipocrisia política evidenciada nas guerrilhas de capoeira, encetadas por Passos Coelho e José Sócrates. O objectivo é o mesmo e anuncia-se a próxima machadada. Está para breve nova delapidação no erário público, com a privatização de empresas que prestam serviços públicos, ao mesmo tempo que são financeiramente rentáveis para o Estado. Novamente, tudo em nome da estabilidade e do crescimento.

Que estabilidade?! Quando tudo se encaminha para a instabilidade social e económica. Qual crescimento?! Alienando bens? Só pode ser um crescimento negativo, porque o encaixe financeiro das privatizações é efémero e a “galinha dos ovos de ouro”, não põe mais ovos nesta capoeira, depois de ter sido vendida a outro dono.



publicado por livrecomoovento às 19:55
link do post | comentar | favorito

Segunda-feira, 9 de Agosto de 2010
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Na última quinta-feira, uma mulher, de nome Maria de Fátima foi a mais recente vítima mortal da brutalidade cobarde de um homem. Foi a décima quinta vítima de violência doméstica mortal só deste ano.

Há dez anos, a violência doméstica passou a ser considerada crime público. Ou seja, quebrou-se com uma ridícula e perigosa máxima, historicamente fascista, de que “entre homem e mulher, não se mete a colher”. Foi dado um passo para garantir que se meta a colher e se previna que no futuro, as pessoas não se limitem a observar o desenvolvimento destes casos, mas que neles possam intervir, nomeadamente apresentando queixa à Polícia.

Embora este passo tenha sido importante, estes dez anos não foram suficientes para o desenvolvimento de programas específicos para este flagelo, nomeadamente, o de segurança e de apoio à vítima.

No último ano, foram apresentadas trinta mil queixas mas apenas 59 agressores cumprem pena de prisão. Há também que referir que no último ano e meio, mais de 50 mulheres foram assassinadas em Portugal, o que simboliza que mulheres morrem todas as semanas vítimas de brutais agressões pelos seus companheiros.

A desvalorização das situações deste tipo de violência é notória, tendo em conta, por exemplo, os próprios números acima referenciados. Na maior parte dos casos, é difícil a prova do crime. Acontece na grande maioria das vezes dentro de quatro paredes em que só estão presentes a vítima e o agressor, fazendo assim com que a pressão sobre a vítima a leve ao silêncio como presumível forma de resolver conflitos ou ao medo de represálias na hipotética tentativa de denúncia.

Simbolicamente, podemos concluir que, à parte dos casos em que a violência é mortal, são raríssimas as situações em que os agressores são alvo de processo-crime e presos.

É elementar e urgente a criação de mecanismos que acompanhem o desenvolvimento legislativo desta área. É de salientar e sublinhar que esta é a decisão e a convicção que faz o caminho para o fim desta vergonhosa realidade portuguesa. É necessário um programa específico para as vítimas de violência doméstica, um programa que acompanhe a realidade actual e que atribua a todas as mulheres a segurança da denúncia e o direito a uma vida em paz e não uma morte brutal.

É estranho que haja tanta preocupação com a defesa da propriedade privada e policiamento de bens materiais e tão pouco de eficaz se faça pela preservação da vida daqueles seres humanos que nos dão a vida.



publicado por livrecomoovento às 19:13
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
pesquisar
 
Janeiro 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
10
11

12
13
15
16
17
18

19
20
21
22
23
24
25

26
27
28
29
30
31


posts recentes

ESCOLARIDADE OBRIGATÓRIA

PLANO E ORÇAMENTO PARA 20...

O FAIAL E OS TRANSPORTES ...

O Milagre Económico

Os pontos nos iis

NÃO DEIXES QUE DECIDAM PO...

O MEDO E A CACICAGEM

Um político que de irrevo...

SEMANA DO MAR - Programas...

O CISCO A ENCOBRIR A TRAV...

arquivos

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Junho 2006

links
blogs SAPO
subscrever feeds