Quem ganha mais de 575 euros pagará o passe sem mais. Nem menos. E nos aumentos dos transportes lá fica mais uma boa parte do seu salário, que cada vez está mais pequeno entre impostos e aumentos. Que o Governo só sossega quando quem viver do trabalho não tiver mais do que o salário mínimo, cada vez mais mínimo. O caminho está traçado e o número de trabalhadores a receber o salário mínimo até já duplicou. E os que ganham um pouco mais pagam a diferença entre o passe e o imposto. E se precisarem de ajuda já sabem, o Estado, esse, não lhes pode valer, mas as misericórdias são, dizem-nos, misericordiosas e tratarão bem de todos. Talvez numa qualquer fila especial dos pobres com salários que um dia foram médios.
Entretanto as vozes preocupadas do Governos fazem-se ouvir. Não as preocupadas com quem ganha pouco, mas com quem ganha muito. Que há quem tenha dito que as grandes fortunas, essas sim, deveriam contribuir e não o fazem. E pois que é verdade, diz o Governo, diz o PSD, diz o CDS, dizem todos, pois que outra coisa podiam dizer que essa entra olhos a dentro de toda a gente, mas estão preocupados. Que é complicado e é preciso estudar. Que não vem no memorando com a troika. Que não se pode perseguir os ricos, coitadinhos. Pois, simples é um imposto extraordinário sobre os rendimentos do trabalho que deixa os rendimentos do capital de fora. E que não vem no memorando da troika. E perseguir, claro, só os pobres. Na fila própria, à espera do passe com a marca +.
30 Agosto, 2011 - Por Catarina Martins
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